Entenderias, um mundo sem fundo,
um mundo sem eu,
um que não é meu?
Um nada sem por quê,
um sem mais, para quê?
Esta música,
um lírico destempero?
Um partir-se, sem no entanto ir-se
a qualquer ponto, qualquer solução,
saída alguma?
Este travo de dor,
esta estupidez
de reles altivez?
O ridículo, o dito,
e o silêncio entre o mais aflito?
A rima boba,
as lágrimas?
E a ausência de rolas?,
por falta de coisa mais tola.
Entenderias?
Diga-me, responda com um grito
em minha cara pasmada,
em meu nada,
em minha tragédia burguesa, barata e anunciada!
Entenderias?,
serias capaz?,
serias tu o capataz de minha medíocre humanidade?
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