
sexta-feira, 29 de junho de 2007
quinta-feira, 28 de junho de 2007
quarta-feira, 27 de junho de 2007
terça-feira, 26 de junho de 2007
O peixe azul vivia naquele aquário redondo
Bem no meio da sala há muito tempo.
De repente colocaram – jogaram é melhor –
Um peixe amarelo lá dentro.
A partir daí foi uma guerra de cores
E a água ficou esverdeada.
Mas um dia o peixe amarelo amanheceu boiando,
Um pouco de lado,
E então o tiraram do aquário redondo.
Foi assim que o peixe azul desbotou, ali,
Bem no meio da sala.
Bem no meio da sala há muito tempo.
De repente colocaram – jogaram é melhor –
Um peixe amarelo lá dentro.
A partir daí foi uma guerra de cores
E a água ficou esverdeada.
Mas um dia o peixe amarelo amanheceu boiando,
Um pouco de lado,
E então o tiraram do aquário redondo.
Foi assim que o peixe azul desbotou, ali,
Bem no meio da sala.
sábado, 23 de junho de 2007
De repente a vida escorreu por entre as pernas.
Sangue negro,
Coagulada forma já sem razão de ser era levada pela água,
Descia para um ralo qualquer,
Desaguaria em algum rio poluído, infectaria o mar.
E todos os sonhos, os nomes pensados,
As roupas – tão pequenas – escolhidas com gosto
Seriam nada.
Eram levadas as semanas de alegria,
A barriga, que ela jura ter crescido,
Os enjôos pela manhã e os desejos...ah, os desejos da madrugada !
De repente ela estava ali de pé,
Lavada,
Limpa de qualquer sentimento,
A espuma a desaparecer com a água,
Solvente de mil universos.
Sangue negro,
Coagulada forma já sem razão de ser era levada pela água,
Descia para um ralo qualquer,
Desaguaria em algum rio poluído, infectaria o mar.
E todos os sonhos, os nomes pensados,
As roupas – tão pequenas – escolhidas com gosto
Seriam nada.
Eram levadas as semanas de alegria,
A barriga, que ela jura ter crescido,
Os enjôos pela manhã e os desejos...ah, os desejos da madrugada !
De repente ela estava ali de pé,
Lavada,
Limpa de qualquer sentimento,
A espuma a desaparecer com a água,
Solvente de mil universos.
terça-feira, 19 de junho de 2007
segunda-feira, 18 de junho de 2007
Araucaria Angustifolia *
Tua cidade é feia, é fria, é cinza, embora os jardins sejam bem cuidados. Tua cidade desloca-se em ônibus infindos-monocromáticos e táxis abóbora-horrível, de preto pontilhados. Tua cidade de rodoviária gélida, peep show lacrimoso – se é que me entende. Tua cidade do centro histórico, cópia de qualquer outro igual. Tua cidade harmônica, planejada, reta, fantasmal. Tua cidade onde não me mostraram sorrisos e a moda era o casual. Tua cidade onde cada fêmea era colombina e não há carnaval. Tua cidade jovem, tua cidade exemplo, tua cidade onde os poetas ainda gravitam vampirescos e pedrosos. Essa tua cidade é minha lembrança tristonha de fase medonha. É toda poesia prosa. É feia, mas numinosa.
*algo no texto "Botas, bico fino, cano longo, domingo de sol " do Alessandro Martins levou-me a este...
domingo, 17 de junho de 2007
sexta-feira, 15 de junho de 2007
A vontade mergulhou de cabeça
Em teus modos.
Sem ver o fundo, se deixou levar
Instintivamente
Pelos sons murmurados nas madrugadas.
O instante submerso
Despertou desconhecidos
Que eriçaram pêlos,
Causaram o acelerar de todo o corpo.
Mas me faltou ar,
Em teus beijos de Gênova,
Nos abraços Mediterrâneos,
Em gozos dessa terra.
Necessitei respirar...
Humanamente me debati,
Despertando-te lágrimas,
E meu coração se estraçalhou
Como nunca, quando meus olhos
Fitaram o sol acima
Daquela tênue linha d’água
Em teus modos.
Sem ver o fundo, se deixou levar
Instintivamente
Pelos sons murmurados nas madrugadas.
O instante submerso
Despertou desconhecidos
Que eriçaram pêlos,
Causaram o acelerar de todo o corpo.
Mas me faltou ar,
Em teus beijos de Gênova,
Nos abraços Mediterrâneos,
Em gozos dessa terra.
Necessitei respirar...
Humanamente me debati,
Despertando-te lágrimas,
E meu coração se estraçalhou
Como nunca, quando meus olhos
Fitaram o sol acima
Daquela tênue linha d’água
quinta-feira, 14 de junho de 2007
Pensar, pensar muito e não chegar aos porquês, continuar, porque assim se mostra necessário, não há muito por onde escapar... inevitável o estar aqui, o prosseguir por destinação... ser homem e carregar o peso e o mistério da humanidade... maravilhar-se! Ser redundante de plenas possibilidades. Viver o que há... ser, simplesmente, porque és sendo... diariamente reler a criação... poetizar-se...
terça-feira, 12 de junho de 2007
quinta-feira, 7 de junho de 2007
A felicidade do outro pode parecer estúpida para ti, e assim era a de João. Um trabalho como outro qualquer, mero modo de subsistência, colegas se invejando e um patrão cujo nível de competência era questionável. A cada dois dias, no mínimo, João era chamado à atenção por ter esquecido de algum detalhe mecânico e burocrático de suas funções. Pensa você que João ligava para isso, ou para as risadas falsas de seus colegas de trabalho? Nada! Ele era um homem apaixonado e o dia-a-dia não lhe causava qualquer reação.
Do começo.
Nosso personagem é alguém normal, normal como eu e como você que acompanha sua história. Nasceu numa família suburbana, freqüentou colégios pagos. O pai de João era motorista de táxi, a mãe, dona-de-casa, fazia doces para festas a fim de ajudar na educação do seu João. Quanto a ele... Bom, foi um aluno aplicado, um dos melhores do colégio.
Com o tempo resolveu cursar Faculdade de Informática “a profissão do futuro” e continuou demonstrando que o futuro para ele era mesmo uma questão resolvida. Não que João fosse um desses rapazes que só vivem para o estudo. Ele era, como eu já disse, normal; namorava, tinha amigos, costumava sair para dançar à noite... A família se orgulhava do seu João.
Formado, conseguiu arrumar o tal emprego, e logo, descobriu que o seu futuro se resumia a cumprir ordens, ou melhor, a pôr em prática a idéia dos outros.
João teve a sensação de que em algum ponto de sua normalidade fora enganado. Começou a se questionar, a questionar os colegas que o olhavam com uma inveja covarde. Quase largou tudo o nosso João! Mas é aí que conhece Ana...
Ana que andava pelas noites trocando o que a natureza tinha lhe dado por dinheiro. Afinal, ela também pensava no futuro. Olha ele aí de novo, o futuro, que reservou o encontro de João com a bela Ana. E foi paixão à primeira vista. Ah as pernas de Ana! A boca de Ana! As curvas da bela dama! João se perdeu no tempo, a mãe se desesperou, chorou, rezou, implorou; o pai simplesmente o expulsou de casa. Seu filho tinha morrido.O seu João nunca se deixaria levar por uma Ana-da-noite, uma Ana-qualquer.
João tirou Ana da noite. Tirou também os questionamentos da cabeça. Colocou na sua mesa o retrato da musa, agora mulher. Passou a trabalhar com a velha normalidade, exceto pelos detalhes que esquece quando fica olhando o retrato. O futuro tinha chegado para João! Os colegas debochavam quando ele era chamado à atenção e perderam completamente a certa admiração. João nem ligava!
O João da nossa história - ou será a história do nosso João? - vai ganhar um novo personagem. Ana está esperando um filho e já descobriu que vem aí outro João. O João é só felicidade e não se aborrece com nada, só pensa no futuro do seu João.
João está feliz...
Do começo.
Nosso personagem é alguém normal, normal como eu e como você que acompanha sua história. Nasceu numa família suburbana, freqüentou colégios pagos. O pai de João era motorista de táxi, a mãe, dona-de-casa, fazia doces para festas a fim de ajudar na educação do seu João. Quanto a ele... Bom, foi um aluno aplicado, um dos melhores do colégio.
Com o tempo resolveu cursar Faculdade de Informática “a profissão do futuro” e continuou demonstrando que o futuro para ele era mesmo uma questão resolvida. Não que João fosse um desses rapazes que só vivem para o estudo. Ele era, como eu já disse, normal; namorava, tinha amigos, costumava sair para dançar à noite... A família se orgulhava do seu João.
Formado, conseguiu arrumar o tal emprego, e logo, descobriu que o seu futuro se resumia a cumprir ordens, ou melhor, a pôr em prática a idéia dos outros.
João teve a sensação de que em algum ponto de sua normalidade fora enganado. Começou a se questionar, a questionar os colegas que o olhavam com uma inveja covarde. Quase largou tudo o nosso João! Mas é aí que conhece Ana...
Ana que andava pelas noites trocando o que a natureza tinha lhe dado por dinheiro. Afinal, ela também pensava no futuro. Olha ele aí de novo, o futuro, que reservou o encontro de João com a bela Ana. E foi paixão à primeira vista. Ah as pernas de Ana! A boca de Ana! As curvas da bela dama! João se perdeu no tempo, a mãe se desesperou, chorou, rezou, implorou; o pai simplesmente o expulsou de casa. Seu filho tinha morrido.O seu João nunca se deixaria levar por uma Ana-da-noite, uma Ana-qualquer.
João tirou Ana da noite. Tirou também os questionamentos da cabeça. Colocou na sua mesa o retrato da musa, agora mulher. Passou a trabalhar com a velha normalidade, exceto pelos detalhes que esquece quando fica olhando o retrato. O futuro tinha chegado para João! Os colegas debochavam quando ele era chamado à atenção e perderam completamente a certa admiração. João nem ligava!
O João da nossa história - ou será a história do nosso João? - vai ganhar um novo personagem. Ana está esperando um filho e já descobriu que vem aí outro João. O João é só felicidade e não se aborrece com nada, só pensa no futuro do seu João.
João está feliz...
sexta-feira, 1 de junho de 2007
Capturei tua essência
No olhar aflito.
No gosto da língua
O corpo revelou mistérios.
O som de meu nome na tua voz
Transformou-me no que observa
Com indiferença.
Analisei o branco de teus dedos
E as pequenas gotas
Que brilhavam tímidas
Me renegaram.
Parti sem virar para o teu adeus,
Dei-te as costas como mais uma,
Fazendo com que teu coração
Sofra por tolos disfarces.
No olhar aflito.
No gosto da língua
O corpo revelou mistérios.
O som de meu nome na tua voz
Transformou-me no que observa
Com indiferença.
Analisei o branco de teus dedos
E as pequenas gotas
Que brilhavam tímidas
Me renegaram.
Parti sem virar para o teu adeus,
Dei-te as costas como mais uma,
Fazendo com que teu coração
Sofra por tolos disfarces.
Assinar:
Postagens (Atom)