quinta-feira, 7 de junho de 2007

A felicidade do outro pode parecer estúpida para ti, e assim era a de João. Um trabalho como outro qualquer, mero modo de subsistência, colegas se invejando e um patrão cujo nível de competência era questionável. A cada dois dias, no mínimo, João era chamado à atenção por ter esquecido de algum detalhe mecânico e burocrático de suas funções. Pensa você que João ligava para isso, ou para as risadas falsas de seus colegas de trabalho? Nada! Ele era um homem apaixonado e o dia-a-dia não lhe causava qualquer reação.
Do começo.
Nosso personagem é alguém normal, normal como eu e como você que acompanha sua história. Nasceu numa família suburbana, freqüentou colégios pagos. O pai de João era motorista de táxi, a mãe, dona-de-casa, fazia doces para festas a fim de ajudar na educação do seu João. Quanto a ele... Bom, foi um aluno aplicado, um dos melhores do colégio.
Com o tempo resolveu cursar Faculdade de Informática “a profissão do futuro” e continuou demonstrando que o futuro para ele era mesmo uma questão resolvida. Não que João fosse um desses rapazes que só vivem para o estudo. Ele era, como eu já disse, normal; namorava, tinha amigos, costumava sair para dançar à noite... A família se orgulhava do seu João.
Formado, conseguiu arrumar o tal emprego, e logo, descobriu que o seu futuro se resumia a cumprir ordens, ou melhor, a pôr em prática a idéia dos outros.
João teve a sensação de que em algum ponto de sua normalidade fora enganado. Começou a se questionar, a questionar os colegas que o olhavam com uma inveja covarde. Quase largou tudo o nosso João! Mas é aí que conhece Ana...
Ana que andava pelas noites trocando o que a natureza tinha lhe dado por dinheiro. Afinal, ela também pensava no futuro. Olha ele aí de novo, o futuro, que reservou o encontro de João com a bela Ana. E foi paixão à primeira vista. Ah as pernas de Ana! A boca de Ana! As curvas da bela dama! João se perdeu no tempo, a mãe se desesperou, chorou, rezou, implorou; o pai simplesmente o expulsou de casa. Seu filho tinha morrido.O seu João nunca se deixaria levar por uma Ana-da-noite, uma Ana-qualquer.
João tirou Ana da noite. Tirou também os questionamentos da cabeça. Colocou na sua mesa o retrato da musa, agora mulher. Passou a trabalhar com a velha normalidade, exceto pelos detalhes que esquece quando fica olhando o retrato. O futuro tinha chegado para João! Os colegas debochavam quando ele era chamado à atenção e perderam completamente a certa admiração. João nem ligava!
O João da nossa história - ou será a história do nosso João? - vai ganhar um novo personagem. Ana está esperando um filho e já descobriu que vem aí outro João. O João é só felicidade e não se aborrece com nada, só pensa no futuro do seu João.
João está feliz...

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