sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Ana tinha uma rede no cabelo - algo muito fora de época - e andava assim mesmo pelas ruas do bairro; a blusa amarela quadriculada, a saia cinza, um sapato escuro e duro. Ana era figura sem tempo caminhando da padaria para a loja de verduras. Um cumprimentar discreto em tom muito baixo. Era magra. Não era velha. Era nova, bem nova, na casa dos 25 anos, mas usava rede no cabelo - algo que trazia de outras vivências. Era só, não se sabe se solitária. Reservada, isso sim, com certeza. Quase nunca saía da vizinhança - somente quando necessário. Nunca se via usando muitas cores. Era simples com sua rede no cabelo - algo sem razão de ser. Era bela. Uma beleza comum, não vulgar; tranqüila. Era a mulher transitando em seu bairro, da padaria para a loja de verduras. Era alguém, disso não havia dúvidas. Chamava-se Ana, sobre isso também não existia equívocos. Usava aquela rede no cabelo - algo muito estranho à compreensão. Mas quem era a figura feminina que caminhava pelas ruas do bairro em uma blusa amarela quadriculada, saia cinza e sapato escuro? Isso ninguém imaginava. Nenhum vizinho conhecia a sua história. De onde era? Quando foi mesmo que mudou-se para este bairro? Quem são seus pais? Amigos, há? Era solitária então? Ao menos só ela era! Mas quem era Ana, a mulher simples, magra, tranqüila, bonita e jovem; a criatura sem época que usava uma rede no cabelo - algo incomum -, na casa dos 25 anos, que comprava pão na Padaria e Panificadora Vitória e verduras na Venda do Seu João?

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