quarta-feira, 23 de maio de 2007

Arte menor

Tinha um corpo no meio do caminho,
no meio do caminho tinha um corpo;
tinha um corpo.

Na tarde da burguesia empobrecida
lá estava ele,
crânio alvejado, ar escasseando,
alma já quase ausente,
e os olhos fixos num infinito mistério
retiveram meu visualizar.

Poeta,
no meio do caminho tinha um corpo,
tinha um corpo no meio do caminho,
no meio do caminho

daquela gente que olhava
como se visse pedra
tinha um corpo poeta.
Por um momento, também eu,
pensei estar em pedra a tocar mas,

tinha um corpo no meio do caminho,
no meio do caminho tinha um corpo.
Tinha um corpo

estatelado, estendido
tropeçando em minha vida
com aquele mirar.
Um corpo tatuado em minhas retinas fatigadas,
de tanto fustigar.

Poeta,
nunca me esquecerei:

tinha um corpo no meio do caminho,
no meio do caminho tinha um corpo poeta,
tinha um corpo.

Nenhum comentário: